Os cuidados recomendados por uma médica da área para doar sangue com segurança após fazer uma tatuagem
Durante o Junho Vermelho, campanha de incentivo à doação de sangue, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre quem pode doar — especialmente aquelas com tatuagens.
Para esclarecer mitos e informar da forma correta, a Catraca Livre conversou com a Marilia Sprandel, gerente médica da área de Consumer Health da Bayer Brasil.
Afinal, quem tem tatuagem pode doar sangue?
Essa é a dúvida mais frequente e a resposta é simples: fazer tatuagem não impede a doação de sangue, mas exige espera.
“Para garantir a segurança de ambos, doador e receptor, é necessário aguardar seis meses a partir da data que a tatuagem foi feita para poder doar”, explica Marilia.
Essa espera é uma medida de segurança chamada janela imunológica, necessária para garantir que não haja infecções invisíveis no sangue.
“Ao fazer uma tatuagem, mesmo com materiais esterilizados e em estúdios regulamentados, há um pequeno risco de exposição a vírus como hepatites B e C, e o HIV, que podem ser transmitidas por meio de agulhas e materiais não esterilizados durante o procedimento“, pontua.
Acontece que essas doenças podem ficar em período de incubação, ou seja, não aparecer nos exames. Então, esse intervalo é uma medida de segurança para evitar a transmissão de doenças infecciosas por meio da transfusão de sangue.
Após seis meses da data de tatuagem, está liberado doar sangue. Mesmo assim, um equívoco comum é acreditar que quem tem muitas tatuagens não pode doar sangue. Segundo Marilia, isso é um mito.
“Fazer várias tatuagens não impede a doação de sangue, desde que a pessoa tatuada respeite o período de espera após cada uma delas”.
Local onde a tattoo foi feita pode influenciar
Outro ponto importante é o local em que a tatuagem foi feita. Estúdios clandestinos ou sem os devidos cuidados higiênicos podem representar um risco maior, o que impacta a possibilidade de doação.
A especialista se refere a locais que não seguem normas adequadas de higiene e esterilização, onde há risco de reutilização de agulhas e materiais sem a devida desinfecção.
“Os hemocentros podem ser mais rigorosos ou até impedir a doação permanentemente se a tatuagem foi feita em lugares de risco”, alerta Marilia.
Por outro lado, “a técnica ou o tipo de tinta usados na tatuagem não impedem a doação de sangue, desde que todos os outros requisitos sejam atendidos”.
Além disso, se a tatuagem foi feita fora do país, o hemocentro precisa ser informado. “Cada país possui seus próprios órgãos reguladores de saúde e padrões para estúdios de tatuagem”, ressalta Marilia. A avaliação será feita caso a caso, com base nos protocolos locais.
Quais são os cuidados para se tornar um doador regular?
Para quem tem tatuagens e deseja ser um doador de sangue regular e seguro, os cuidados são simples e essenciais. “O principal cuidado é esperar o período de seis meses após a tatuagem para doação ser segura”, reforça Marilia.
Além disso, ela orienta que “escolher estúdios de tatuagem regulamentados e de confiança, e cuidar da cicatrização da tatuagem” são atitudes fundamentais.

“Ainda, manter um histórico claro de quando foram feitas para ter em mente o período de espera é ideal, além de sempre informar o hemocentro“, complementa.
Outros procedimentos também exigem intervalo
Não são só as tatuagens que exigem cuidados antes da doação. Micropigmentações (de sobrancelhas, lábios, olhos), piercings e maquiagem definitiva também envolvem riscos semelhantes e demandam o tempo de espera.
“Assim como a tatuagem, outros procedimentos que envolvem o uso de agulhas ou o contato com sangue e fluidos corporais exigem um tempo de espera”, afirma a médica.
Neste Junho Vermelho, mais do que nunca, a informação correta pode salvar vidas. Informe-se, aguarde o tempo necessário e doe sangue com segurança.
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Fonte: Catraca Livre