Hoje críticos de Eduardo Bolsonaro, aliados de Lula também foram ao exterior no passado recente criticar o Poder Judiciário brasileiro
Hoje críticos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aliados do presidente Lula já recorreram, no passado recente, à estratégia parecida com a usada pelo filho 03 de Jair Bolsonaro: a de denunciar no exterior o que consideram como excessos do Judiciário brasileiro.
Em dezembro de 2017, por exemplo, o hoje ministro do STF Cristiano Zanin foi à Inglaterra e à Itália para denunciar a tese de que o Judiciário brasileiro não estaria garantindo os “direitos constitucionais” de Lula e que o petista estaria sendo alvo de “perseguição política”
À época, Zanin ainda era apenas advogado do então ex-presidente. A viagem ocorreu em meio ao julgamento, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), do recurso contra a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).
Meses depois, em abril de 2018, a então senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann deu entrevistas à emissora árabe Al Jazeera denunciando o que ela chamou de “prisão política” de Lula. A entrevista ocorreu dias após o então ex-presidente ser preso no âmbito da Lava Jato.
“Me dirijo ao mundo árabe através da Al Jazeera para denunciar a prisão política do ex-presidente Lula. Lula é um grande amigo do mundo árabe. Em toda a história o Brasil recebeu milhões de árabes e palestinos, mas Lula foi o único que visitou o Oriente Médio. Em seu governo o comércio com a região multiplicou por cinco. Em 2005, Lula promoveu em Brasília a primeira Conferência da América do Sul com o Mundo Árabe estendendo os laços entre as regiões”, afirmou Gleisi à Al Jazeera.
Bolsonaristas acionaram Gleisi na Justiça por entrevista
A entrevista de Gleisi também levou bolsonaristas a acionarem a presidente do PT na Justiça alegando que ela teria cometido crime contra a segurança nacional em sua fala — argumento parecido ao usado pelos petistas hoje para questionar as viagens de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos.
À época, a ação foi apresentada pelo senador bolsonarista Major Olímpio, que faleceu em 2021 vítima da Covid-19. Em manifestação assinada pelo então vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, a Procuradoria-Geral da República (PGR), arquivou representação contra Gleisi.
“O que foi dito pela presidente do PT, senadora é um discurso político, em legítima manifestação de seu pensamento e de sua opinião. Sua manifestação não caracteriza conduta típica, punível e culpável, em nenhuma das inúmeras hipóteses veiculadas nas normas supra transcritas. Nem em qualquer outra norma”, escreveu o subprocurador.
Nas últimas semanas, parlamentares do PT apresentaram queixa-crime contra Eduardo Bolsonaro no STF, acusando o filho do ex-presidente de agir em “total dissintonia com a realidade, atentando contra os interesses nacionais” e de promover “retaliações contra o Brasil nos Estados Unidos”.
O ministro Alexandre de Moraes encaminhou o documento para a Procuradoria-Geral da República se manifestar. Segundo a petição, também assinada pela própria direção do PT, Eduardo estaria articulando com políticos americanos ações para constranger e retaliar o STF e o Brasil.
Fonte: Metrópoles